4.30.2014

Retratos e Historia.


Poesia & Visual.


4.25.2014

...


Aqui neste profundo apartamento
Em que, não por lugar, mas mente estou,
No claustro de ser eu, neste momento
Em que me encontro e sinto-me o que vou,
Aqui, agora, rememoro
Quanto de mim deixer de ser
E, inutilmente, [....] choro
O que sou e não pude ter.

Fernando Pessoa

Tédio.

Tenho as recordações d'um velho milenário!

Um grande contador, um prodigioso armário,
Cheiinho, a abarrotar, de cartas memoriais,
Bilhetinhos de amor, recibos, madrigais,
Mais segredos não tem do que eu na mente abrigo.
Meu cer'bro faz lembrar descomunal jazigo;
Nem a vala comum encerra tanto morto!

— Eu sou um cemitério estranho, sem conforto,
Onde vermes aos mil — remorsos doloridos,
Atacam de pref'rência os meus mortos queridos.
Eu sou um toucador, com rosas desbotadas,
Onde jazem no chão as modas despresadas,
E onde, sós, tristemente, os quadros de Boucher
Fuem o doce olor d'um frasco de Gellé.

Nada pode igualar os dias tormentosos
Em que, sob a pressão de invernos rigorosos,
O Tédio, fruto inf'liz da incuriosidade,
Alcança as proporções da Imortalidade.

— Desde hoje, não és mais, ó matéria vivente,
Do que granito envolto em terror inconsciente.
A emergir d'um Saarah movediço, brumoso!
Velha esfinge que dorme um sono misterioso,
Esquecida, ignorada, e cuja face fria
Só brilha quando o Sol dá a boa-noite ao dia!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

4.23.2014

Quantum.

Toda vontade do mundo!
Anseio solene...
Perene querer...
.
.
.
Mas não quis o tempo sequer saber!
Que entre universos e realidades, entre o saber e a vontade.
Aquilo foi o mais perfeito sonho.
Volúpia de eras...
Ardente viver...
.
.
.
O mais perfeito mundo.
O belo desejo...
.
.
.
E que sobra nesta esfera?
Da vida não sincera?
Do medo infantil?
Da mentira vil?
.
.
.
A saudade!
O não viver...





"Ama-se quem se ama e não quem se quer amar."
Espanca , Florbela 

4.12.2014

Do Carpe diem!

A vida pode ser deveras cansativa, quando finda a paixão e só resta a saudade!